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O silêncio que viola o futuro do país

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SILENCIOA violência sexual infantil é cercada por medos e omissões. As situações de abuso podem ser caracterizadas pelo chamado “pacto do silêncio” entre o agressor e a vítima, o que propicia a continuidade do crime e sua consequente impunidade. Dessa forma, mostra-se a necessidade que pais, responsáveis e os profissionais estejam atentos aos sinais de alterações de comportamento das crianças e adolescentes. Esses indícios se mostram nas mudanças de humor, ou nas agressões que muitas vezes são ocultadas pelas vítimas.
A curto e a longo prazo, o abuso sexual causa consequências irreversíveis, com alterações físicas, comportamentais, emocionais, sociais e sexuais. Dificuldades de relacionamento, depressão, baixo autoestima, distúrbios sexuais e, inclusive, tentativas de suicídio. Esses são fatores que podem se desenvolver em jovens que, desde cedo, vivenciam situações de violência.
Outra forma de violência é a exploração sexual, que acarreta na remuneração à criança, ao adolescente ou às outras pessoas envolvidas no crime. Neste sentido, meninos e meninas são tratados como objeto sexual e mercadoria, o que pode ocasionar gestação e abortos inseguros seguidos de morte. Suas vidas, seus sonhos e seus futuros são roubados.
Em 2016, o Estado de São Paulo recebeu 2.300 denúncias de violência sexual infantil, de acordo com o Disque 100 de Direitos Humanos do Governo Federal. Só na capital, foram 713 casos. Como cada denúncia pode conter mais de uma violação de direitos, o número total recebido foi 2.599. A maioria dos casos são de abuso sexual e exploração sexual, que correspondem a 1.897 e 457, respectivamente. No Brasil, foram feitas, no total, 15.708 denúncias relacionadas à violência sexual de crianças e adolescentes no período.
As estatísticas dão uma pequena mostra da gravidade do problema. O receio em denunciar e a grande subnotificação dos casos permitem que abusadores continuem impunes.
As denúncias destes crimes podem ser feitas anonimamente por meio dos telefones gratuitos “Disque 100 ou 181”.
Quanto mais conversarmos com nossos filhos diminuiremos os riscos e o sofrimento de ameaças e humilhações. Todos os anos o futuro do país tem sido violado pelo silêncio de meninos e meninas. Somente uma sociedade comprometida poderá garantir a proteção de crianças e adolescentes para a garantia de uma vida digna e feliz.
Por: Floriano Pesaro, secretário de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo. Clique aqui e comente no Facebook do Jornal de Guará