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Temperaturas quentes, mas água gelada!

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Imagem extraída do site oaltoacre.com
No verão, quando os termômetros começam a registrar temperaturas mais altas, a água do mar pode ficar bem gelada. Para a maioria dos navegadores e pescadores, esse curioso acontecimento depende da direção e intensidade de vento. Os oceanógrafos chamam o fenômeno de ressurgência e o definem, basicamente, como um processo de ascensão de águas profundas mais frias (abaixo de 20º C) e salgadas para a superfície do oceano, condicionada por efeitos físicos e meteorológicos. Os primeiros estudos sobre esse fenômeno datam do século XIX, quando o pesquisador E. Witte, em 1880, concluiu que os efeitos de rotação da Terra e do vento, soprando em direção ao mar aberto, poderiam induzir deslocamentos verticais no oceano.
O fenômeno oceanográfico chamado ressurgência (ou afloramento), relacionado à interação oceano-atmosfera, consiste na subida à superfície ou a níveis mais rasos, de águas profundas, frias e ricas em nutrientes. Ele arrasta os nutrientes que repousam no fundo até as camadas iluminadas do mar. No fundo, na ausência de luz, esses nutrientes são inertes. No entanto, quando atingem as camadas iluminadas, são utilizados pelas algas microscópicas, através da fotossíntese, e provocam um grande aumento na população de microalgas (fitoplâncton) que são o início da cadeia alimentar marinha. Essas microalgas se constituem em alimento dos pequenos animais marinhos (zooplâncton), que crescem mais rapidamente, servindo de alimento para peixes pequenos, que vão alimentar os peixes maiores, e, assim sucessivamente, até os peixes grandes, de importante valor comercial. Por essa razão, a ressurgência possui fundamental importância no setor pesqueiro, contribuindo no aumento da produtividade e no desenvolvimento socioeconômico de cidades costeiras que dependem dessa atividade.
Na costa brasileira, por exemplo, o único processo de ressurgência bem conhecido é o da região de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, onde ocorrem concentrações importantes de peixes. As ressurgências na região de Cabo Frio (RJ) e no Cabo de Santa Marta (SC) são causadas principalmente pelos ventos, devido à proximidade com a costa. No Brasil, esse fenômeno ocorre de maneira menos intensa, se comparada ao grande sistema do Peru, onde a ressurgência possui uma das maiores intensidades no mundo.
Três fatores principais favorecem a ressurgência no Brasil, da Água Central do Atlântico Sul próximo à costa: a topografia do litoral; a posição do centro da corrente marinha: corrente do Brasil; e o regime de ventos vindos do continente, dominantes nos períodos da primavera e verão, que empurram as águas superficiais quentes em direção ao largo – este padrão de vento inverte-se durante a passagem de frentes frias vindas do sul e não favorecem a ressurgência costeira local.
Portanto, percebemos como a meteorologia e sua previsão de fenômenos, como frentes frias, áreas de instabilidade, estudos e previsões de entrada de ventos mais fortes, posicionamento de massas de ar sobre continente e oceano podem influenciar não só diretamente a sociedade, mas grande parte da sua economia e atividades.
Por Squitter Soluções em Monitoramento Ambiental
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