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Crítica: Cinderella

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Cinderella (2015)

Por: Felipe Fasanella

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Creio que quando foi anunciado que uma nova versão de Cinderella estava sendo desenvolvida pela Disney, desta vez com atores, a reação natural de todos foi imaginar mais um conto de fadas infantil destruído por uma tentativa errônea de modernizar a trama, como vimos em Branca de Neve e o Caçador, Branca de Neve (Sim, dois filmes da Branca de Neve foram lançados em menos de 3 meses em 2012), Alice no País das Maravilhas e até certo ponto em Malévola, que não negou os fatos do filme original, porém tentou humanizar e transformar uma das maiores vilãs da mitologia da Disney em uma heroína arrependida, fato que não agradou muitos fãs.

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É nesse ponto que o novo Cinderella se destaca e muito. Nadando contra a corrente, o filme se mantém extremamente fiel ao material original, reproduzindo de forma mágica todos os grandes momentos presentes na clássica animação. Na famosa trama, Cinderella é uma mulher corajosa e gentil (virtudes que aprendeu com sua mãe), que ao se tornar órfã, é obrigada a conviver com sua madrasta, e suas duas “irmãs”.  Com o tempo, ela é forçada a viver no sótão e se torna uma mera serviçal, sofrendo todos os tipos de abuso, sendo que apenas o amor que sente pela casa onde nasceu a impede de fugir. Quem assistiu a animação ou conhece o conto por outras fontes sabe exatamente o que acontece a partir deste ponto, porém não focarei nos detalhes, tendo em vista que ainda existem pessoas que não conhecem a história.

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O elenco do filme não é estelar, porém foi extremamente bem selecionado, começando pela madrasta Lady Tremaine, que é brilhantemente vivida por Cate Blanchett (O Senhor dos Anéis), sem dúvida uma das melhores atrizes em atividade atualmente e ganhadora de 2 Oscars. Quem assiste a Game of Thrones irá facilmente reconhecer Richard Madden (Robb Stark) no papel do príncipe. Robb Stark e o príncipe têm diversas semelhanças, desde o sangue real, até a recusa em se casar por interesse, mesmo que com tons e consequências completamente diferentes. Porém o grande acerto do filme foi a escolha de Lily James (Lady Rose de Downton Abbey) como Cinderella. A atriz captura a inocência e bondade da protagonista com exatidão. Considero esta a melhor qualidade do filme uma vez que uma escolha errada para o papel poderia ter sido desastrosa (como ocorreu em Alice).

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O diretor Kenneth Branagh felizmente se livrou de diversos dos vícios apresentados em Thor para criar um filme visualmente incrível. A fotografia é impecável e cada cena parece ter saído diretamente de uma pintura. As roupas, além de perfeitas, ajudam muito a dar o tom do filme, espelhando diversas vezes as emoções de Cinderella.

Somente as meia-irmãs me incomodaram um pouco, por servirem meramente de alívio cômico, na tentativa, algumas vezes frustrada, de quebrar a tensão entre a protagonista e sua madrasta em momentos de grande carga emocional.

Sendo assim, Cinderella pode não ser a personagem mais atrativa na era do politicamente correto em que vivemos hoje, porém ela não se resume apenas a uma “mulher atrás de um príncipe”. O seu sofrimento, perseverança e a mensagem geral de positividade, coragem e bondade tornam o filme imperdível para a juventude atual, que está tão carente de entretenimento com boas lições de vida.

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