A Fazenda da Esperança comemora 40 anos de fundação neste mês de junho. A comunidade terapêutica, que tem 164 unidades espalhadas em 26 países, nasceu no bairro Pedregulho, em Guaratinguetá, interior de São Paulo. Em quatro décadas, mais de 70 mil pessoas já passaram pelas Fazendas da Esperança e conheceram um estilo novo de vida, longe das drogas e de outros vícios.
Tudo começou no fim da década de 70, com a chegada de Frei Hans como pároco da Igreja de Nossa Senhora da Glória. Entre os paroquianos estava um jovem, Nelson Giovanelli, que, quando ia à missa, passava na esquina das ruas Caramurus e Tupinambás. Naquele local, alguns jovens consumiam drogas.
Com o desejo de colocar em prática os ensinamentos que ouvia na Igreja, Nelson conseguiu se aproximar daquele grupo, com o intuito de somente estar com eles, não de convertê-los. Com o passar dos dias, percebendo que tinha a confiança de Nelson, Antônio Eleutério – um daqueles que usavam drogas – pediu que Nelson o levasse para onde quisesse, porque não queria aquela vida, nem aguentava mais ver sua mãe sofrer. Na época, acontecia o encerramento da Festa de São Pedro, no bairro Nova Guará, ou seja, noite de 29 de junho de 1983.
Logo, vários daqueles jovens que usavam drogas também decidiram mudar de vida. Eles alugaram uma casa na rua Tapuias e foram viver juntos. Incentivados por Frei Hans, que deu a eles uma tesoura de cortar gramas, eles se mantinham com o trabalho de jardinagem nas casas, especialmente, das pessoas que frequentavam a Igreja.
Mais tarde, os idealizadores ganharam um sítio na zona rural da cidade paulista, no bairro Santa Edwiges. E, com o passar dos anos, as Fazendas da Esperança se espalharam pelo Brasil. Atualmente, existem unidades em todos os estados brasileiros.
Fazenda Feminina – Em 1988, Iraci Leite, que também era uma das paroquianas da Igreja de Nossa Senhora da Glória, acompanhada de Luci Rosendo, iniciou o acolhimento de mulheres que queriam se libertar dos vícios. E a realidade feminina da Fazenda da Esperança tem uma particularidade: acolher mães com filhos pequenos, o que torna um incentivo a mais para as mulheres que querem se recuperar da dependência química.
Portas abertas – Uma característica da Fazenda da Esperança é deixar os portões abertos para receber quem chega e para manter, em quem está na comunidade, a consciência de que permanece ali de livre e espontânea vontade. No início da pandemia de Covid-19, a entrada das Fazendas ganhou um sentido diferente: acolher as pessoas que viviam nas ruas e não tinham casa para cumprir as recomendações dos órgãos competentes, de que a população deveria ficar em casa.
Fernando Henrique Ferreira da Silva, 35, foi um destes exemplos. Ele viveu entre os 14 e os 31 anos na dependência química e, em 2020, aceitou o convite para se recuperar. “Depois que comecei o uso de drogas não consegui parar mais. Conheci a Cracolândia e morei na rua. Quando cheguei à Fazenda encontrei dificuldade, por exemplo, para dormir em uma cama, pois há tanto tempo já dormia em um papelão. Mas, pouco a pouco fui mudando. A Fazenda trouxe para mim uma esperança que eu já não tinha mais e até mudou a maneira de eu cuidar de minha filha. Hoje sou um pai presente”, destacou.
Exposição – Para celebrar os 40 anos da Fazenda da Esperança e relembrar toda a história da comunidade terapêutica, será realizada entre os dias 24 e 30 de junho, no Buriti Shopping Guará, a exposição “40 anos de Esperança”. O público poderá apreciar fotografias históricas com personagens reais que ajudaram a construir a obra social que nasceu em Guaratinguetá e conquistou o mundo.
A exposição ficará disponível das 10h às 22h, de segunda a sábado e, das 14h às 20h, aos domingos. O Buriti Shopping Guará está localizado na avenida Juscelino Kubitscheck de Oliveira, nº 351, no Campo do Galvão, em Guaratinguetá.
