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Crítica: O Sétimo Filho

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O Sétimo Filho – Seventh Son

Por: Felipe Fasanella

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Não me recordo a última vez que um filme com enredo girando em torno de uma caça as bruxas foi satisfatório. Desde os mais cômicos como Abracadabra (Hoccus Pocus) e Bruxas de Eastwick, até os de ação, como Caça as Bruxas, os Irmãos Grimm, a versão moderna de João e Maria e diversos outros que nem ao menos merecem menção, a qualidade é sempre questionável. Por mais bem feito e atuado que o filme seja, sempre parece ficar faltando algo para torná-lo bom entretenimento. Não sei se pelo fato de bruxas não possuírem um apelo muito grande em nossa cultura atual, ou se simplesmente é difícil desenvolver boas histórias em torno delas, porém esta realidade se reflete também nas bilheterias, ou seja, não apenas os criadores encontram dificuldades para desenvolver produções de qualidade, como o público não demonstra interesse em conferir o produto final.

 

A única exceção, talvez, sejam os desenhos animados e de computação gráfica, porém o foco destes é outro, sendo que as bruxas geralmente funcionam como mero catalizador para as histórias dos protagonistas (A Branca de Neve, por exemplo).

O Sétimo Filho segue e foge dessa regra ao mesmo tempo. Da mesma forma que segue todos os clichês do gênero, com uma história pouco original e repleta de momentos já vistos diversas vezes em outros filmes, a obra tenta ir além, em alguns aspectos, reconhecendo as suas próprias limitações narrativas.  A ação é relativamente bem efetuada, a direção é competente, porém não o suficiente para criar uma identidade própria do filme, e as atuações, apesar de caricatas, convencem e conferem tom ao filme.

Seventh

A trama segue Mestre Gregory (Bridges), um caçador de criaturas da escuridão, último de uma antiga ordem de cavaleiros responsável por perseguir e exterminar bruxas e outros seres das trevas. Gregory aprisiona Rainha Malkin, a líder das bruxas, por anos, porém ela se liberta durante um evento conhecido como Lua Vermelha. Após escapar, Malkin é responsável pela morte do aprendiz de Gregory, que desencadeia uma “clássica” história de vingança. Note que toda a trama do filme pode ser contada sem menção alguma ao Sétimo Filho, o que claramente é um sério problema, uma vez que ele supostamente é o protagonista.

Algo que me incomodou bastante foi como o Senhor dos Anéis “inspirou” o filme. Diversas cenas parecem representações literais de cenas da obra de Peter Jackson, e as filmagens aéreas de montanhas, assim como partes da trilha sonora parecem ser cenas deletadas da trilogia. Inclusive Jeff Bridges, em diversos momentos parece estar evocando o mago Gandalf em sua atuação. Claro que os filmes da trilogia revolucionaram para sempre a fantasia no cinema, com quase 20 Oscars na bagagem, porém existe uma linha entre inspiração e cópia, e algumas vezes senti que o filme pendeu mais para o segundo.

Apesar disso, o maior problema do filme é o fato de que Tom Ward, o Sétimo Filho é comprado por Gregory por uma grande quantia de dinheiro, sendo tirado da casa de sua mãe, para auxiliar o velho em sua missão. Ou seja, o suposto herói da trama não possui arco nem motivação, sendo meramente um espectador sem qualquer importância e influência no decorrer dos fatos.

Jeff Bridges, ganhador do Oscar por “Coração Louco”, e Julianne Moore ganhadora por “Para Sempre Alice” se esforçam para trazer o máximo a seus rasos papéis. O elenco coadjuvante é bem fraco e os alívios cômicos quase inexistentes.

De qualquer forma, creio que um novo espectador, que não assistiu filmes de mais gabarito, pode aproveitar bastante a imersão em um mundo de fantasia que é tecnicamente bem efetuada. Porém, para o grande público, as semelhanças podem se tornar desgastantes e os clichês atrapalharem demasiadamente a trama.

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