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Crítica: Os Vingadores

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Por Felipe Fasanella

O sonho de todo fã de quadrinhos ficou mais próximo da realidade no final de Homem de Ferro (2008) quando Samuel L. Jackson aparece em uma cena pós-crédito para conversar com Tony Stark a respeito da Iniciativa Vingadores. O que já era uma excelente história de origem se tornou uma promessa ousada de trazer para as telas a equipe dos “maiores heróis da Terra”. Apenas 4 anos e alguns filmes depois, a Marvel já havia apresentado Hulk, Thor e Capitão América e tudo estava preparado para um dos lançamentos mais aguardados de todos os tempos.
Alguns fatores me preocupavam a respeito do filme antes de sua estréia. Em primeiro lugar, é realmente complicado abordar uma história com tantos personagens e personalidades e manter um tom conciso durante a trama toda, sendo que o elenco extenso acaba aprofundando ainda mais as possíveis falhas narrativas de uma produção com um escopo tão grande. Também fiquei receoso quanto ao tempo que seria dedicado a cada personagem, e a importancia de cada um, mais especificamente Viúva Negra e Gavião Arqueiro. Felizmente, nenhuma dessas preocupações se concretizou e os criadores souberam muito bem aceitar essas dificuldades e as enfrentaram de maneira magistral. A única outra produção que trabalhou tão bem com um elenco tão vasto foi “Onze Homens e Um Segredo”.

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A trama é bastante autocontida, não fazendo muitas referências aos filmes passados, e com relativamente pouca evolução dos personagens, sendo que a união dos heróis e os conflitos gerados por isso é de longe o foco do filme. Algumas cenas de ação bastante empolgantes surgem destes conflitos, principalmente em forma de duelos entre os protagonistas. A luta entre Thor e Hulk, por exemplo, dois dos seres mais fortes de todo o Universo Marvel nos faz lembrar o evento que esse filme representa para muitos. O segundo ato se passa quase inteiro na nave da Shield, onde os heróis aprisionam Loki, irmão de Thor, para tentarem descobrir onde está o Tesseract, cubo cósmico de energia infinita, capaz de abrir portais interdimensionais. Sem muitas surpresas, o portal é aberto e uma batalha épica é desencadeada entre a equipe e um exército alienígena.
O terceiro ato é simplesmente incrível, com cenas de ação extremamente bem executadas e coreografadas, e momentos memoráveis criados por Joss Whedon. Em específico, uma cena em que todos os heróis podem ser vistos lutando em um só take, com uma transição extremamente leve e sincronizada entre cada um deles. Pra mim, a melhor parte do filme, por simbolizar que a equipe finalmente está em harmonia e todos estão colaborando em um momento de extrema crise. Espetacular em todos os sentidos.
Uma bela surpresa no filme foi o tom bem humorado do início ao fim. Principalmente pelos possíveis problemas que citei anteriormente, não acreditava que com tantos personagens, iria sobrar espaço para tantas cenas engraçadas e um bom humor tão acertado. O tom cômico de Robert Downey Jr, juntamente com a inocência de Capitão América e a grandeza de Thor e Hulk se encaixaram perfeitamente, de forma que todos tem seu grande momento.

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Apesar de tudo isso, algumas coisas me incomodaram um pouco no decorrer do filme. Em primeiro lugar, o reaproveitamento do vilão Loki, que já tinha sido derrotado sozinho e com certa facilidade por Thor em Asgard apenas um ano antes. Com uma lista tão extensa de vilões, foi uma decisão estranha da Marvel reaproveitar o mesmo antagonista em anos consecutivos, ainda mais um que fora derrotado por somente um dos Vingadores pouco tempo antes, pouco justificando a união de toda a equipe. As idéias de Loki também são bastante paradoxais, uma vez que seu “grande plano” é ser capturado apenas para criar o caos e a discordia entre os heróis, como forma de desfazer a poderosa equipe. Porém a equipe só foi formada no início do filme como uma reação ao surgimento de Loki e do roubo do Tesseract alguns dias antes. Não faz o menor sentido. Além disso, a cena em que o porta-aviões da Shield corre o risco de cair sobre a cidade é bastante devagar e muito tempo que poderia ser utilizado com um pouco de desenvolvimento de personagem se perde enquanto Tony tenta arrumar uma turbina defeituosa, sendo que toda a sequência toma cerca de 45 minutos, porém extremamente bem filmada e desenvolvida.
Mesmo com estes mínimos defeitos, que mal chegam a atrapalhar a trama, Os Vingadores cumpriram todas as promessas e realizaram o sonho de milhões de pessoas ao redor do mundo, podendo ser considerado um dos maiores eventos cinematográficos dos últimos 15 anos, juntamente com o final das séries de fantasia Harry Potter e O Senhor dos Anéis. Com ação jamais vista, atuações convincentes, diálogos interessantes e humor extremamente balanceado, a Marvel/Disney mostrou aos grandes estúdios concorrentes que criar um universo coeso e integrado de suas propriedades é o melhor caminho a ser seguido. A Warner já está seguindo esta linha em seus lançamentos DC, enquanto a Fox faz o mesmo com os X-Men, porém tenho minhas dúvidas se algum desses será tão bem executado e satisfatório como Os Vingadores, principalmente por terem perdido o efeito “surpresa”.