Com uma riqueza de detalhes que impressiona, um presépio diferente ilustra Belém inteira seguindo sua rotina enquanto nascia o Menino Jesus. Esse é o olhar de Marcio Cavalca, de 60 anos, morador do bairro Portal das Colinas em Guaratinguetá, que desde 2005 se dedica a criar e montar o presépio da família.
“Eu entendo que quando Jesus nasceu o mundo não parou, naquele momento tinham pessoas trabalhando também. Então eu quis fazer um presépio que representasse isso, imaginei uma cena onde o mundo corria, é uma Belém em volta do nascimento”, explica o engenheiro civil aposentado, que cresceu montando presépios com a avó.
Cerca de 150 figuras compradas pela internet em estilo hebreu, de 12 cm cada, compõem o cenário de dois metros cúbicos todo artesanal, montado na garagem da casa, em degraus, para passar sensação de profundidade. Padaria, açougue, carpintaria, tapeçaria, peixaria, são alguns dos estabelecimentos em pleno funcionamento ao redor da cena do nascimento.
“Estudei muito a época. E não coloco, por exemplo, fruta nem alimento que não existia naquela época. Então aprendi o que eles comiam, o que eles viviam, o que trabalhavam”, conta Marcio.
Inspiradas em sites italianos e espanhóis que ensinam técnicas de construção de presépios, as cenas são produzidas com isopor, madeira balsa, corda, lã de vidro, massa de biscuit, papel machê, miçangas e materiais recicláveis diversos.
A montagem leva uma semana e, depois de pronto, a garagem recebe muitas pessoas, principalmente crianças, curiosas com o resultado. Apesar de trabalhoso, Marcio salienta que todo ano se sente satisfeito. “Presépio, para mim, representa uma fraternidade muito grande, me faz voltar àquela época de criança, me faz olhar para aqueles que não têm tanto recurso quanto eu tenho. Enquanto eu estiver com saúde e condições, vou continuar montando”.
Coleção de presépios mantém viva tradição do Natal
Ainda em Guaratinguetá, o casal Antonino Kimaid e Maria da Glória Kimaid, moradores das proximidades do estádio Dário Rodrigues Leite, também mantém a tradição de montar o presépio no Natal. Na sala e copa da casa é possível encontrar não só um, mas um conjunto de 1026 presépios de várias partes do Brasil e do mundo. Segundo Antonino, a coleção começou ao acaso.
“Começou sem querer. Eu via no presépio a representação mais autêntica do local, foi numa viagem ao Nordeste que percebi isso. Então comecei a adquirir como lembrança e fui guardando, os amigos colaborando”, conta.
As peças, espalhadas em estantes e mesas, são de diversos tamanhos e modelos, de acordo com as características culturais dos locais visitados. Tem presépio do Amazonas feito de semente esculpida, outro produzido com osso de baleia na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, até um presépio montado em cima de uma máquina de relógio, da Argentina.
Na coleção, o Vale do Paraíba também não fica de fora: tem presépio de barro, feito em Guaratinguetá; de biscuit, produzido em Aparecida; e até de peça de moto, feito no Potim. Tudo registrado e catalogado.
Segundo Antonino, além de seguir a tradição de montar presépio, a coleção aproxima os amigos e mantém o espírito do Natal que, para ele, “representa uma reunião de família”. “Quando viajam os amigos ficam atrás de presépios para nós, então tem uma convergência de atenções muito legal. E eu valorizo muito a família, que para mim é uma célula realmente importante, é o interior, a base para a sociedade, e o presépio preserva isso”, finaliza.
Texto: Hyanne Patricia – Clique aqui e comente no Facebook do Jornal de Guará.
